Dólar e inflação em alta, projeção de crescimento do PIB em baixa. Para muitos empreendedores, o cenário macroeconômico para este ano não é dos mais animadores. Como lidar com esses desafios e manter os negócios aquecidos? Segundo especialistas, o segredo é fazer do limão uma limonada.
“Ficar imobilizado na crise pode significar o fim do negócio. O empresário tem de saber como se movimentar em um período turbulento”, diz Alessandro Saade, professor de Empreendedorismo e Novos Negócios na Business School São Paulo (BSP).
Criatividade e olhar crítico ajudam a driblar obstáculos
De acordo com o professor, este é o momento de buscar novas soluções, novos produtos, traçar metas e, principalmente, prestar mais atenção nos processos internos da empresa e descobrir o que pode ser mudado ou melhorado.
E, segundo o especialista, o pequeno e médio empresário sai em vantagem nesse quesito, já que tem mais facilidade em realocar o capital humano do que grandes indústrias ou multinacionais, por exemplo.
“Se um segmento da sua empresa diminuiu o ritmo por causa da crise, aproveite esses funcionários para desenvolver novas ideias. Durante uma crise, as pessoas tendem a ser mais criativas”, analisa o professor.
É a hora, também, de o departamento de vendas cavar oportunidades e aproveitar o gancho da crise para vender seus produtos ou serviços. É o que tem feito, por exemplo, a Prestus, empresa que há seis anos atua no mercado oferecendo serviços de assistentes virtuais.
De olho na necessidade das empresas de cortar gastos, a equipe de vendas passou, nos seus discursos, a enfatizar a economia com mão de obra que a solução da Prestus traz. Com ela, as empresas podem continuar prestando atendimento 24 horas, sem ter de pagar por telefonistas plantonistas.
O faturamento da empresa cresceu 50% no mês de fevereiro em comparação ao período anterior. “Esse foi o melhor fevereiro de nossa história, e março provavelmente fechará com um crescimento recorde também”, diz Alexandre Borin, CEO da Prestus (foto abaixo).
Foco na fidelização e na melhoria dos processos
Outro caminho para contornar as possíveis dificuldades é estreitar o relacionamento com a base atual de clientes e aprimorar os produtos e serviços oferecidos a eles. “Os consumidores estão mais desconfiados, por isso é recomendado focar na fidelização de clientes antigos e garantir a continuidade dos negócios”, diz Marcelo Moreira, coordenador de Pesquisas do Sebrae – SP.
Para alcançar esse objetivo, é importante acompanhar o histórico de relacionamento com o cliente e criar estratégias para fazê-lo comprar mais.
Promoções e e-mails marketing com ofertas personalizadas são estratégias recomendáveis. Investir em um bom atendimento e em produtos de qualidade também é um diferencial competitivo para quem quer se destacar.
Cuidado com empréstimos e dívidas
Sempre é importante ter cautela com as finanças, mas, em tempos de economia mais turbulenta, o cuidado deve ser redobrado. Moreira aconselha evitar empréstimos que não sejam necessários.
“Pegar dinheiro para ter no caixa é uma péssima ideia. O empresário tem de calcular como vai pagar o empréstimo e se ele realmente vai ajudar a melhorar a situação. Evitar o endividamento possibilita um crescimento maior quando a economia se estabilizar”, diz.
Para Saade, se os riscos forem devidamente controlados e as oportunidades perseguidas, a crise pode ser um período de crescimento – tanto nos números quanto na bagagem do empreendedor. “Todos devem ter suas cicatrizes para poder aprender”, finaliza o professor.