Empreendedorismo feminino floresce no país e estimula mulheres a desenvolverem seus próprios negócios
A crise econômica que vem assolando o país desde 2014 gerou muitas consequências para as famílias brasileiras. Seja por conta da inflação ou do alto desemprego, muitas delas perderam o poder de compra e tiveram que descobrir outras maneiras de obter uma receita que não fosse, necessariamente, proveniente de um emprego formal.
Para as mulheres, esse quadro não foi diferente, e em algumas situações até pior. As funcionárias carregam o estigma de que a mulher, depois de ser mãe, não é mais capaz de desempenhar suas atividades profissionais da mesma forma. E por isso é bastante comum ouvir histórias de mulheres que foram despedidas depois de retornarem de suas licenças-maternidade.
Praticamente no mesmo período, uma série de iniciativas do governo facilitaram a abertura de novas empresas, possibilitando que muitos profissionais autônomos e empresas com poucos funcionários pudessem se regularizar e garantir o cumprimento de seus direitos e deveres.
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A união de um grupo de mulheres que estava fora do mercado de trabalho com a possibilidade de iniciar um negócio que permitisse melhor qualidade de vida, flexibilidade e tempo, gerou uma onda de empreendedorismo feminino que já conta com mais de 7,5 milhões de mulheres, segundo o Sebrae e o Dieese, e que vem se fortalecendo ano após ano.
Prova disso é que o Índice de Mulheres Empreendedoras MasterCard, publicado neste ano, identificou que o Brasil é o sexto país com maior avanço em empreendedorismo no mundo!
A seguir, vamos analisar como esse movimento vem crescendo no país e quem são essas mulheres que estão criando uma sólida economia baseada no trabalho e empoderamento de mulheres.
Quem são as empreendedoras brasileiras
A última edição do Fórum Empreendedoras, organizada pela Rede Mulher Empreendedora, conseguiu identificar algumas características muito interessantes sobre o perfil da mulher que empreende no Brasil.
Para começar, a idade média delas é de 39 anos, 79% delas têm, pelo menos, o ensino superior completo e 19,6% estão na capital de São Paulo e Região Metropolitana da cidade. A maioria delas, cerca de 75%, é mãe.
Esses são dados confirmam o perfil de mulher altamente especializada, que atuou durante um bom tempo no mercado CLT, se tornou mãe e, então, embarcou no empreendedorismo.
A pesquisa também mostra que essas mulheres fazem praticamente tudo sozinhas. Cerca de 55% delas não têm sócio e cuidam de várias áreas de seus negócios sozinhas. Para ter maior flexibilidade, 68% delas trabalham em home office, tocando suas atividades em casa, onde têm maior possibilidade de estar junto da família.
Para dar o primeiro passo, 41% usaram suas poupanças ou rescisão depois de terem sido demitidas para começar a empresa. Como resultado, 33% delas chegam a faturar até 10 mil reais por mês.
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Por que as mulheres empreendem
Uma pesquisa desenvolvida pelo MeSeems confirma que as consequências da crise econômica no país foram os principais motivos para que muitas mulheres pensassem em empreender. De acordo com o relatório, 21,4% das empreendedoras decidiram criar sua própria empresa para complementar sua renda e 8,9% estavam desempregadas.
Outros motivos citados pelas entrevistadas para construir um negócio foram a busca pela independência financeira, possibilidade de serem bem-sucedidas, controle sobre a própria vida e paixão pelo mercado no qual investiram.
A MeSeems também perguntou às mulheres que não empreendem se gostariam de ter sua própria empresa. O resultado foi que 27,4% responderam que pretendem abrir um negócio entre 1 e 2 anos; 22,4% querem empreender em, no máximo, 6 meses; 21,5% se deram o prazo de 6 meses a 1 ano para inaugurar uma empresa, e apenas 11% afirmaram que não sabem se teriam coragem para empreender um dia.
Quando perguntadas sobre o que o empreendedorismo representava para elas, 51,7% das entrevistadas responderam “ter orgulho de mim mesma”; 47,4% disseram “mais equilíbrio e liberdade para ficar com a família” e 46,9% “ser bem-sucedida financeiramente”.
Esses dados mostram que, ainda que o fator financeiro tenha sido um dos gatilhos para que o número de empresárias no país aumentasse, o empreendedorismo tem proporcionado a essas mulheres muito mais do que dinheiro.
Estar à frente de uma empresa, fazer o que ama, ter qualidade de vida e ainda conseguir acompanhar a família e ter tempo para si mesma gera um sucesso e autoestima que elas, provavelmente, não tinham atuando como funcionárias. Essa, certamente, é uma das maiores realizações na vida dessas empreendedoras.