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5 maneiras de conseguir ajuda financeira para sua ideia inovadora decolar

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Como conseguir o capital inicial para tirar a ideia do papel

O que a 99TaxisGetNinjas e 33e34 têm em comum, além do fato de serem três startups?

Não é só no modelo de negócio que elas coincidem. Essas três empresas contaram com ajuda financeira de terceiros para ampliar suas operações.

Em três anos de existência, a 99Taxis já recebeu quatro rodadas de investimento, totalizando o valor de 130 milhões de reais. De 2011 para cá, a startup GetNinjas acumulou mais de 7 milhões de reais em investimentos. A loja virtual 33e34 captou um aporte inicial de 300 mil reais para a estruturação do projeto e, em menos de seis meses, recebeu novo investimento.

Elas não receberam esses montantes por acaso. As startups apresentaram algo a mais, que conquistou – e convenceu – investidores a apostar nelas.

Para André Ghignatti, diretor executivo da WOW Aceleradora, o empreendedor precisa mostrar um profundo conhecimento do setor de atuação para chamar a atenção dos investidores.

“Ele tem de apontar as restrições e potencialidades do mercado de atuação. E a ideia que ele propõe precisa solucionar um problema que, de fato, existe”, pontua.

Tem uma ideia inovadora e já mapeou seus clientes em potencial? Ótimo, agora só falta um “empurrãozinho” financeiro para a sua startup decolar. Confira algumas maneiras de captar recursos:

1. Amigos, família e recursos próprios

No começo, não é raro o empreendedor recorrer a empréstimos de familiares e amigos. A opção é válida, mas é importante dizer que esse tipo de apoio financeiro não é suficiente para fazer sua startup decolar nem prova que sua ideia será aceita no mercado. Isso porque, geralmente, pessoas próximas aos empreendedores têm receio de apontar seus erros.

Nesse caso, o melhor caminho para saber se a sua ideia é mesmo boa é captando dinheiro com a venda do seu produto ou serviço.

Uma das soluções encontradas pela empreendedora Samira Almeida, CEO da startup StoryMax, uma publicadora de app books, foi buscar o capital de giro necessário para sua startup decolar em seu próprio trabalho. E, de quebra, ainda o utiliza para divulgar seu produto.

“Como educadora e consultora, penso em alguns trabalhos que ajudem a levar tecnologia para a sala de aula (não necessariamente tablets ou o meu produto). E o resultado deste trabalho, agora, é o dinheiro que eu preciso e, lá na frente, vai haver professores e escolas um pouco mais preparados para entender e desejar o produto que minha startup vende”, conta.

2. Programa de incentivo do Governo

O empreendedor pode buscar recursos públicos via bolsas de incentivo à inovação em instituições como a FapespFaperjFinep e CNPq, ou procurar por agências de fomento regionais que destinam recursos a projetos inovadores com juros extremamente subsidiados.

Outra opção é o Start-Up Brasil: Programa Nacional de Aceleração de Startups, uma iniciativa do Governo Federal, criado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

O programa funciona por edições, com duração de um ano. Em cada edição, são lançadas duas chamadas públicas, uma para qualificar e habilitar aceleradoras, e outra para a seleção de startups com rodadas semestrais.

As startups selecionadas têm acesso a até 200 mil reais em bolsas de pesquisa e desenvolvimento para os seus profissionais, além de participarem de uma série de eventos e atividades promovidas pelo programa para capacitação e aproximação de clientes e investidores e do Hub Internacional no Vale do Silício (EUA).

Adicionalmente, as startups recebem investimentos financeiros das aceleradoras e têm acesso a serviços como infraestrutura, mentorias e capacitações em troca de um percentual de participação acionária.

Outra iniciativa pública de destaque é o Startups and Entrepreneurship Ecosystem Development (SEED), programa de aceleração do governo de Minas Gerais.

A startup de Samira foi uma das aceleradas pelo governo mineiro, em 2014. Ela ressalta que a grande diferença está no fato de parte do investimento feito pela aceleradora poder ser utilizado para pagamentos de serviços ou produtos – e não apenas para remunerar os sócios, como é o caso do Startup Brasil.

“Quando é bolsa institucional, como o Startup Brasil, você tem dinheiro apenas para pagar pessoas e é obrigado a seguir uma tabela de valores e requisitos que termina por dificultar o uso do investimento e, no fim do dia, atrapalha o crescimento da empresa”, destaca a empreendedora.

Criado em 2013 para atrair empreendedores do mundo inteiro para o estado, o SEED foi responsável por colocar no mercado 73 novas empresas de tecnologia que, juntas, faturaram 23 milhões de reais até o fim do ano passado.

O programa oferece para as startups selecionadas aulas de empreendedorismo, um escritório compartilhado e investimento de até 80 mil reais.

Apesar do sucesso da iniciativa, há algumas incertezas sobre a continuidade do programa, que não abriu novos editais esse ano e fechou seu espaço de co-working em abril, depois que Fernando Pimentel, do PT, assumiu o governo do estado.

Em nota oficial, o Governo de Minas Gerais afirma que o “SEED não corre qualquer risco de ser descontinuado. O processo de absorção do programa pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (SEDE) está em andamento e faz parte da reavaliação de todas as políticas públicas da administração estadual executada pelo novo Governo de Minas Gerais”.


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3. Aceleradoras privadas

Como o próprio nome indica, as aceleradoras tornam o processo mais rápido, sendo que o tempo de apoio que elas proporcionam a uma startup é de, no máximo, seis meses.

Por isso mesmo, as aceleradoras buscam startups com potencial de crescimento rápido e escalável. É preciso trazer ideias, soluções criativas e um planejamento flexível para convencer uma aceleradora a apostar na sua empresa.

Uma grande vantagem de contar com as aceleradoras é ganhar tempo para focar exclusivamente no projeto da startup. “A aceleradora presta todo o apoio jurídico e contábil, ou seja, os empreendedores podem focar na construção dos produtos enquanto a aceleradora se preocupa com toda a parte estrutural e burocrática dos negócios”, explica Giuliano Baptistella, COO da Aceleradora Gema Ventures.

Quanto ao investimento, de modo geral, a aceleradora oferece um aporte financeiro que vai de 20 mil reais a 100 mil reais. Além do auxílio monetário, as aceleradoras, formadas por investidores experientes, dão dicas de negócios e abrem as portas do mercado para os empreendedores. Em contrapartida, as aceleradoras ficam com um pequeno percentual de participação acionária da startup.

Quando um empreendedor consegue um investimento de uma aceleradora ou um investidor-anjo [no tópico a seguir você os conhecerá melhor], ele ganha um sócio. Dessa forma, em troca do capital, os investidores solicitam um percentual de participação na empresa, o que significa que este novo sócio vai participar, de alguma forma, das decisões da empresa.

Mas aqui cabe uma ressalva importantíssima. “Com a ‘explosão’ de startups no Brasil, veio também a ‘explosão’ de aceleradoras. E, nesse pacote, há aquelas que não são sérias ou querem tirar vantagem dos empreendedores, cobrando percentuais abusivos de participação”, alerta Ghignatti.

Por isso, antes de se candidatar a uma vaga em alguma delas, procure informações, busque por outras empresas que já participaram do programa e, principalmente, leia com muita atenção os contratos. Vale, inclusive, procurar por assistência jurídica para orientá-lo antes de firmar acordos.

4. Investidores-anjos

Os investidores-anjos são pessoas físicas que contribuem com aporte financeiro (o valor varia de 200 mil reais a 1 milhão de reais) e auxiliam no planejamento da própria empresa.

“O investidor-anjo é, normalmente, um (ex-)empresário que já trilhou uma carreira de sucesso, acumulando recursos suficientes para alocar uma parte para investir em novas empresas, bem como aplicar sua experiência apoiando a empresa”,define Cássio Spina, fundador da Anjos do Brasil.

De acordo com levantamento da Anjos do Brasil, o aporte de investidores-anjos em startups movimentou 688 milhões de reais entre junho de 2013 e junho de 2014. Isso representa um avanço de 11% no mesmo período. Além disso, o número de investidores-anjos cresceu 9%, saltando de 6.450, entre 2012 e 2013, para 7.060, de 2013 a 2014.

Para que o projeto desperte o interesse do investidor-anjo, de acordo com a Anjos do Brasil, é preciso alguns requisitos:

  • Sejam negócios com alguma inovação, seja no produto/serviço, no processo de fabricação/prestação ou do modelo de negócio. Isso significa que não basta ter um preço mais baixo ou um atendimento melhor; seu negócio deve ser diferenciado em relação ao de concorrentes diretos e indiretos.

  • Tenham um mercado potencial significativo para que o negócio atinja um patamar de dezenas ou centenas de milhões de reais.

  • Seja um negócio com bom potencial de crescimento e de alta rentabilidade, também chamado de “escalável”. Isso significa que seu negócio deve poder crescer e ser replicado sem depender de profissionais especialistas ou de aumento no número de funcionários proporcional ao seu crescimento.

  • Seu negócio não pode ser facilmente copiável e/ou ter uma “barreira de entrada” para concorrentes.

5. Crowdfunding, o financiamento coletivo

Os sites de financiamento coletivo já provaram seu valor lá fora, e estão ganhando, cada vez mais, espaço aqui no Brasil. Funciona assim: o inventor posta uma ideia no site, diz quanto precisa e aguarda as contribuições. Em troca, os apoiadores ganham brindes ou o produto, quando ele é lançado.

O caso mais famoso é o site americano Kickstarter, criado em 2009, que já captou mais de 1 bilhão de dólares para startups. Mas já há sites brasileiros com essa mesma dinâmica, o Kickante é um deles.

Mas indo um pouco além, está surgindo uma nova modalidade, nesse sentido, para as startups, o equity crowdfunding. Aqui, a empresa disponibiliza seu projeto para os investidores interessados cadastrados na plataforma e, como recompensa pelo capital aportado no equity crowdfunding, o investidor recebe uma participação acionária ou um título de dívida que pode ser convertido em ações da empresa apoiada.

Eusocio é uma dessas plataformas. De acordo com dados divulgados pela própria empresa, já foram mais de 82 milhões em investimentos feitos com a ajuda dessa ferramenta. Outra opção brasileira é o Broota. Cada plataforma tem suas regras para a participação, que estão explícitas nos sites.

É claro que quando um ou mais investidores entram na jogada (seja por meio de aceleradoras, investidores-anjo ou financiamento coletivo) nem sempre você vai conseguir levar suas ideias adiante. Agora, as decisões são tomadas por mais pessoas. Isso significa que, ao receber um aporte financeiro, você abre mão de algumas regalias.

Bônus: Venture Capital

Em um passo mais adiante, geralmente para startups que já estão em funcionamento e precisam de um “empurrãozinho” para crescer, existe outro tipo de investimento, o venture capital.

Os fundos de venture capital brasileiros investem entre 2 milhões e 10 milhões de reais em empresas que já faturam alguns milhões. Seu objetivo é ajudá-las a crescer e fazer uma grande operação de venda, fusão ou abertura de capital no futuro. Claro, em contrapartida, esses fundos ficam com porcentagem dos lucros da empresa. Foi esse tipo de investimento conquistado pelas startups citadas no início desse texto. Mas essa opção não é indicada para quem quer começar um negócio, e sim para as empresas que querem crescer.

Agora, é só arregaçar as mangas e ir atrás dessas alternativas para tirar sua ideia do papel!

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