Marco Gomes é um dos mais jovens empreendedores bem-sucedidos do Brasil. Aos 20 anos, ele abriu seu próprio negócio, a boo-box, empresa de tecnologia de publicidade em mídias sociais. Com apenas 27 anos, ganhou o prêmio de “Melhor Profissional de Marketing do Mundo”, em concurso realizado anualmente pelo The World Technology Network (WTN). 

Em entrevista exclusiva ao UOL Meu Negócio, ele fala sobre as tendências do mundo do marketing digital e dá conselhos aos empresários do comércio eletrônico. 

Quais foram os passos na sua trajetória que te levaram ao reconhecimento como “Melhor Profissional de Marketing do Mundo”?

Com 12 anos, vendi meu primeiro projeto de website. Aos 14, comecei a fazer CD-ROM e apresentações multimídias para vender. Ambos os projetos já tinham muito de marketing em suas concepções. Aos 18 anos, me tornei estagiário em uma agência de publicidade, no escritório local em Brasília, e com isto veio a minha introdução formal ao marketing.

Uma coisa engraçada é que fiz meu primeiro curso de marketing básico em 2011. Até então meu conhecimento no assunto era o que eu tinha aprendido na rua. E ainda, no mesmo ano, estudei Educação Executiva voltada ao Marketing em Stanford, na Califórnia. 

Em dois anos passei de zero conhecimento teórico no assunto a melhor profissional do mundo. Mas na verdade, esse crescimento se deu pela bagagem que eu vinha acumulando como empreendedor. Hoje tem sete anos que fundei a boo-box, e ela é marketing puro. 

Só não aprende marketing quem não tá observando. Tendo a concordar bastante com alguns teóricos do assunto que dizem que uma empresa é só marketing e todas as outras coisas que ela faz são complementares. Atrair e reter clientes é a única coisa que uma empresa tem que fazer essencialmente.

Como você vê o mercado de publicidade digital no Brasil atualmente? 

Temos bastante a avançar. Somos muito bons no aspecto criativo, porém no ambiente de mercado e negócios ainda temos muito que aprender. Estamos acompanhando o que acontece fora do Brasil de muito longe. Há muito a evoluir no aspecto de mídia, modelo de negócios e tecnologia.

Mas este retardo não é por uma questão de profissionais do mercado, e sim por uma questão de status quo. O cliente não faz por insegurança. A agência tem muita vontade de executar, mas o cliente não deixa. É uma situação que vai mudar com a evolução do mercado.

Quais são as tendências para os próximos anos no mercado digital?

O aumento das negociações de mídia tempo real (real time bidding) e uma maior sofisticação, confiança e escala na segmentação comportamental, o chamado behavior targeting . Estes são, inclusive, os dois pontos que nos dissocia dos mercados europeu e americano. Lá não há mais discussão sobre a eficiência destes métodos. 


O marketing digital democratizou o acesso à publicidade para pequenas empresas. Como isso afetou o mundo da publicidade e a realidade destes empreendedores?

O papel da tecnologia é muito importante porque ela democratiza a dá acesso ao pequeno negócio. Hoje um pet shop, uma cafeteria ou uma clínica de estética, por exemplo, pode usar exatamente a mesma tecnologia que o grande banco e as empresas de telecom usam. 

Até pouco tempo atrás, você tinha que ter muito dinheiro para usar uma tecnologia sofisticada. Hoje com dez reais, por exemplo, você faz uma campanha no Twitter que vai ser veiculada exatamente com a mesma tecnologia do cara que pagou 200 mil reais. E os resultados serão tão qualificados quanto.

Quais as melhores formas para os pequenos e médios empreendedores do e-commerce investirem em marketing digital?

O empresário do comércio eletrônico está sempre muito ligado em conversão. E o seu grande erro é associar a conversão ao último clique, às vendas de produtos realizadas diretamente pelos links das campanhas.

Este método de medir conversão é pouco eficaz porque com ele você deixa de fazer a atribuição, que é como as grandes marcas se constroem. E, desde sempre, no mercado offline é assim que mensura resultados. 

Na atribuição, eu faço uma campanha e vejo o resultado nas vendas lá na boca do caixa. Eles demoram mais tempo para chegar, e esse período deve ser compreendido como investimento. Mas o varejista online é muito imediatista e não percebe que fazer branding, criar uma marca confiável, é o que impacta nas conversões.

Um exemplo muito óbvio e prático é quando você faz um anúncio em um buscador. Nos resultados, geralmente, o usuário encontra quatro links patrocinados e em seguida os orgânicos. E como ele decide em qual daqueles links patrocinados que ele irá clicar? Ele vai escolher aquela empresa na qual ele confia mais.    

O preço muitas vezes não é fator decisivo, e sim a confiança, especialmente na internet onde as pessoas têm medo de comprar. Elas preferem pagar a mais e ter a segurança de que irá receber seu pedido. E esta confiança é construída com branding.

Então, a dica mais relevante que dou aos empreendedores digitais é: construa a confiança da sua marca, faça branding!

O que falta no empreendedor brasileiro? Qual o conselho para quem quer investir no próprio negócio?

No Brasil, há dois extremos de empreendedores. Tem aquele que age rápido, sem pensar, mete os pés pelas mãos e quebra. E tem o cara que está sempre com projeto, mas não o coloca na rua porque pensa demais.

Acho que esse equilibro é o paradoxo do empreendedor bem sucedido. E é difícil mesmo encontrá-lo. Você tem que pensar e agir rápido, mas com planejamento, e analisar muito o que está fazendo. O grande segredo é este.

 Gostou da entrevista? Quem mais você gostaria que fosse entrevistado pelo UOL Meu Negócio? Conte para gente!

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