Eu preciso ter um sócio? Essa pergunta só você pode responder. Mas há algumas pistas para chegar à conclusão certa.
“É preciso uma autoavaliação para descobrir seus gaps e se sente a necessidade de alguém para complementá-los. Muitas vezes, a pessoa tem a boa ideia, mas falta disposição e coragem. É nesse momento que um sócio pode fazer a diferença. Ter um sócio pode definir se você vai empreender ou não”, avalia Álvaro Cardoso Armond, professor de Empreendedorismo na pós-graduação do Insper.
A busca por um sócio tem muita relação com a procura pelo par ideal em relacionamentos amorosos. Primeiro precisamos encontrar alguém que tenha os mesmos interesses e metas na vida. Essa pessoa vai complementar nossas fraquezas e ainda nos dar segurança e mais confiança para chegar aonde queremos.
Quando encontramos, enfim, nosso par, é hora de cultivar o bom convívio, adaptar-se e respeitar as diferenças. E se um dia o relacionamento começa a não funcionar mais, não tem jeito, é doloroso, mas é preciso terminar.
Como encontrar a pessoa certa
O primeiro passo para você escolher o sócio ideal para seu negócio é desistir da ideia de chamar irmãos, melhores amigos ou qualquer outra pessoa pelo simples fato de vocês terem afinidade.
“O sócio precisa agregar ao seu negócio, ter uma personalidade e competências complementares, mesmo que seja alguém com quem você tenha menos afinidade. Quando um empreendedor começa a namorar uma ideia, ele naturalmente passa a se envolver com esse universo e a frequentar feiras e eventos relacionados. Nesses lugares, com pessoas de interesses similares, pode surgir o sócio ideal”, comenta Armond.
Para o professor, encontrar um sócio deve seguir a mesma ideia de recrutar um colaborador para sua empresa, com a ressalva de que muitas vezes o RH escolhe o candidato levando em consideração apenas suas competências técnicas, e depois a demissão ocorre pelo comportamento.
Então fuja desse erro e foque no comportamento do candidato a sócio.
Além disso, diferentemente de formar um time de funcionários, o quadro de sócios não deve ser extenso. Nesse sentido, menos é mais.
“Cada sócio que você acrescenta a sua empresa é mais uma pessoa com interesses. Com isso, o esforço para gerir de forma saudável o negócio vai ficando maior. Então busque a menor quantidade possível de sócios . Um ou dois é um bom número”, recomenda Armond.
Hora do casamento (ou da sociedade)
Ideias prontas, sócio encontrado e então chega a hora de selar a união. Armond destaca um importante passo que muita gente esquece no momento de euforia ou prefere evitar, pois não acredita que o fim da união possa acontecer: sentar e conversar sobre como será, caso algum dia um dos investidores queira pôr fim à parceria.
“Quando dois colegas de faculdade, por exemplo, juntam-se para começar um negócio, mesmo que possuam muita afinidade e metas parecidas, é preciso lembrar que em dez anos o tempo passa e as coisas podem mudar.”
Por exemplo, talvez um se case e tenha filhos e, com isso, sua disposição e prioridades mudem. O risco de as pessoas começarem a querer tomar rumos diferentes é grande.
“Nessa hora, se não houve a conversa antes e não foi colocado em contrato como aconteceria a separação, a empresa e o futuro do negócio podem ficar comprometidos, a amizade acabar e até criar rixas de família. O ideal é contratar um advogado ou um consultor e deixar esse ponto claro no contrato”, alerta Armond.
Claro que assim como em um casamento, ninguém entra em uma sociedade já pensando no final. Mas se a separação ocorrer, seguindo as dicas acima, esse processo certamente será amigável.