Por Luciano Soares

A maioria das pessoas atrela realidade virtual aos óculos que isolam a pessoa do mundo real, gerando imagens bem na frente dos seus olhos. De fato, esses óculos, formalmente conhecidos como HMD (Head-Mounted Display), surgiram nos primórdios da área com os trabalhos de Ivan Sutherland.

Hoje, esses dispositivos têm displays para um campo de visão bem mais imersivo, atualizam as imagens dos movimentos da cabeça com um mínimo atraso e são muito mais baratos. Um exemplo é o Oculus Rift, que gera imagens estereoscópicas tão realistas, a baixo custo, que fez o Facebook adquirir a empresa em um contrato bilionário como parte da estratégia de redes sociais.

Contudo, o dispositivo é só o começo. Existem muitos outros equipamentos disponíveis, como as luvas com retorno de força, projeções e áudio imersivos, e até equipamentos que geram cheiro e gosto para os usuários. No entanto, nada disso tem utilidade, se boas aplicações não existirem, e normalmente aí está a maior dificuldade. 

Alguns formatos de dados para realidade virtual foram desenvolvidos, como o X3D, que permite descrever em detalhes os elementos de um mundo virtual, bem como seus comportamentos. Mas, mesmo assim, as pessoas têm dificuldade de gerar os conteúdos, pois os editores gráficos 3D normalmente são orientados ou para CAD (Computer Aided Design) ou para o mercado de entretenimento, não tratando, por exemplo, o comportamento dos objetos no ambiente virtual.

Uma forte tendência é o uso de motores de jogos digitais para a criação de simulações em realidade virtual. Esse uso de ferramentas de jogos em aplicações profissionais é conhecido como Serious Game. O Unity3D, que é um motor de jogo de baixo custo popular, está cada vez mais presente em simulações virtuais de grandes empresas.

Entretanto, as aplicações são ilimitadas. Com sistemas de realidade virtual é possível, por exemplo, treinar médicos em procedimentos cirúrgicos específicos de um paciente, simular alguém aterrissando em Marte, ou o estudo de ergonomia e design de um novo carro ainda em projeto. E até aplicações mais simples podem ser construídas, como alguém escolhendo seu apartamento em um sistema virtual no qual o cliente poderia optar por detalhes e ver como ficaria seu novo domicílio em um ambiente simulado.

Basicamente, qualquer atividade no mundo real pode ser simulada por realidade virtual. Além disso, pode haver desdobramentos, como: a realidade aumentada, que mistura o real com o virtual; a telepresença, que cria a ilusão de pessoas em lugares distintos parecerem estar colaborando num mesmo local; ou mesmo a simples visualização, quando apenas se deseja ter um melhor entendimento de um problema explorando uma visualização interativa realista. Com uma boa dose de criatividade, as possibilidades são ilimitadas.


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